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segunda-feira, dezembro 30, 2002
As coisas não estão bem. Está tudo errado. Nada faz sentido assim. Não percebo... Está tudo desarrumado e depois o Winamp ainda me presenteou com o Crystal dos New Order. Sim, eu sei que ele achava que eu era like crystal, mas não serviu de nada. Nunca serve.
Queria fugir! Ir embora e deixar tudo para trás. Fugir para um sítio onde não me fizessem perguntas e eu não tivesse de falar. Um sítio onde eu tivesse alguém para partilhar o meu silêncio. Um sítio onde conseguissem perceber o meu silêncio.
Não quero aprender nada à força. Quero poder parar de resistir e não ter de continuar a sentir a minha carne a rasgar. Começo a ficar exausta. Sem forças para continuar o caminho, seja ele qual for. Estou cansada e com dor de alma.
Apetece-me atirar para a cama e ficar aí à espera que tudo venha ter comigo, Tudo ou Nada.
cara-de-sonsa listens to Radiohead: How to disappear completely
posted by Sofia Ctx | 3:02 da tarde
domingo, dezembro 29, 2002
Hoje foi um daqueles dias. Estou chateada e pronto. Não quero saber porquê. Não quero pensar nisso. Até porque se perder algum tempo a pensar nisso vou chegar a alguma conclusão que não me traz nada de novo.
Gastei o dia entre a cama e o sofá. Umas horas na cama a ouvir as músicas mais down de cada C.D., depois mais algum tempo com o Vergílio Ferreira, uns sonhos com as palavras apaixonadas nos poemas do Pablo Neruda e o cavaquinho nas mãos. É sempre bom voltar a sentir as dores nos pulsos e sentir as cordas a cortarem os dedos...
Ontem a Telma disse-me que tinha ouvido a Jonhy dizer que eu tenho muito potencial com o cavaquinho, mas também tinha ouvido a Anadim dizer o mesmo em relação ao timbalão. Bla, bla, bla. Todas para o caralho. Que desperdício de tempo. O único instrumento que quero tocar é a minha voz. É o meu preferido.
Só toco os outros porque às vezes preciso de expulsar o ritmo pelas mãos, pelos dedos. Só toco os outros instrumentos quando preciso de expulsar a energia acumulada. Só o faço para impedir que o vulcão entre em erupção.
Eu sei que sei tocar cavaquinho e timbalão. Tenho os ritmos sempre a baterem-me na cabeça. Eu toco de olhos fechados porque me saí tudo naturalmente pelos dedos. Eu consigo fazer aquilo. Eu sei que consigo fazer aquilo. Se reclamo sempre e me faço dificil é porque gosto de usar a minha voz. Gosto de abusar dela. Por isso é que tenho passado esta semana freaking out Há uma semana que estou assim, sem voz. Uma semana calada. Uma semana sem poder falar, mas o que me incomoda mais é não poder cantar. É não poder passar os dias fechada no quarto a cantar as músicas todas dos C.D.'s e da rádio, é não poder gritar histérica e expulsar através de música tudo o que está entalado. Ando a acumular energia demais. Não aguento muito mais...
A merda da tarde passei-a enterrada no sofá da sala a ver filmes bera sem argumento e a afogar às mágoas em chocolates que é para depois ter uma ressaca bem dolorosa e assim também fodoo filho da puta do estomago que já está a pedir para ser enterrado há dois anos, mas ele que se foda porque ainda vai ter de me aturar por muitos anos.
Então aqui estou eu a gozar ao máximo este domingo de merda. Já estou a arrotar chocolate há duas horas. Devo estar completamente oleosa, gordurosa e a cheirar a sovaco dentro deste pijama merdoso. Caralho para mim! Puta de merda!
Isto tudo por causa de uma discussão, há dois dias atrás, que nem durou mais de dois minutos. Isto tudo porque me fode o juizo estar chateada contigo. Isto tudo porque gosto de ti e a tua ausência me incomoda.
Merda para mim que até já ando a ter pesadelos com isto tudo. Nem a Calcanhotto me acalma a alma, nem o Pablo Neruda. Nem tudo o que consigo expulsar através dos dedos me acalma...
Já desliguei o telemóvel. Não estou em contacto com ninguém. Escondi-me! Que se foda o mundo exterior. Que se foda tudo o que não faz parte do meu espaço e de mim. Agora aqui sou só eu. Só eu e as peças que completam o puzzle na minha cabeça.
AAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! Caralho para mim, descontrolada de merda! Vou lamber a tinta dos dedos e afogar as mágoas, fumar mais um cigarro para ver se fodo o resto da garganta e do pulmão esquerdo e depois vou cair podre na cama para acordar passadas três horas que é para eu poder passar a merda da segunda-feira apática, sem reacção.
Que se foda o 2002. Também já não dura muito mais.
cara-de-sonsa listens to Adriana Calcanhotto: Jornal de Serviço (Leitura em diagonal das páginas amarelas), Carlos Drummond de Andrade
posted by Sofia Ctx | 10:05 da tarde
sábado, dezembro 28, 2002
Quando peço atenção é porque estou a precisar de atenção. Nem que seja só um bocadinho, só por um bocadinho.
Caralho, detesto quando toda a gente caga para o meu pedido de atenção. Era um pedido desesperado... Quando peço é porque estou desesperada.
Depois daquela discussão de ontem à tarde fiquei assim, desamparada. Eu gosto dele, ele é importante para mim, é o meu melhor amigo. Quero poder tê-lo sempre a meu lado. Afinal foi ele que ficou sozinho a aguentar tantas das minhas lágrimas. A roupa dele deve ter ficado cheia do meu sal and that means a lot to me. Eu fiquei com o sal dele e ele com o meu. Isso é importante para mim. Isso é mais uma marca na minha pele.
Agora hoje sinto-me negligenciada. Até a Sofia que tem sempre tempo para mim nestes últimos dias não me disse muito mais que, "Tenho de ir. Adeus." Detesto quando peço um ombro para chorar e ninguém me consegue emprestar um ombro.
O Miguel não fala comigo porque tem o computador avariado e o grande objectivo dele é arranjá-lo, olha que simpático, olha que bom, já me estou a sentir melhor. O T. também podia ler o meu texto, mas só durante uns 5 segundos. A conversa também acabou num Tenho de ir...
Merda! Vão todos para o caralho! Que se foda tudo. Que se fodam vocês.
Eu só queria um ombro para chorar. Eu só queria um ombro para chorar por um bocadinho. Só isso... Só isso...
cara-de-sonsa listens to Maria João e Mário Laginha: Beatriz
"Será que ela é triste?"
posted by Sofia Ctx | 9:42 da tarde
Os exames só estão prontos dia 31. Só então vou saber o resultado. É para poder entrar em grande no ano de 2003. Mas tá a ser dificil aguentar. Estou assustada. Estou com medo.
E se as minhas palavras foram premonitórias? E se eu estava certa quando escrevia sobre tumores?
Durante mais de um ano eu disse que tinha alguma coisa no pulmão esquerdo. Eu sentia. Mas o medo dos médicos e dos hospitais, esta fobia estúpida e eu sempre a dizer: Isto passa...
Não passou.
Agora imagino-me a voltar a sentar no consultório frio, em frente à médica, enquanto ela analisa os meus exames. Imagino-a a voltar a falar como se eu estivesse ausente, mas desta vez já não diz só, "Ela tem qualquer coisa no pulmão esquerdo.", desta vez ela diz, "Ela tem um tumor no pulmão esquerdo."
E eu fico sentada na cadeira e começo a rir às gargalhadas enquanto penso, Não é que a puta da minha saúde sempre soube de tudo....
cara-de-sonsa listens to The Silence
posted by Sofia Ctx | 2:19 da manhã
quinta-feira, dezembro 26, 2002
"Queres casar comigo?"
cara-de-sonsa listens to Adriana Calcanhotto: Cantada (Depois de ter você)
posted by Sofia Ctx | 4:40 da tarde
terça-feira, dezembro 24, 2002
Cantada (Depois de ter você)
Depois de ter você
Pra quê querer saber
Que horas são?
Se é noite ou faz calor
Se estamos no Verão
Se o sol virá ou não
Ou pra que é que serve uma canção
Como essa?
Depois de ter você
Poetas para quê?
Os deuses, as dúvidas?
Pra quê amendoeiras pelas ruas?
Pra que servem as ruas depois de ter você?
cara-de-sonsa listens to Adriana Calcanhotto: Cantada (Depois de ter você)
posted by Sofia Ctx | 1:10 da tarde
segunda-feira, dezembro 23, 2002
MERDA! Detesto que me façam isto. Que não me expliquem as coisas, que falem por meias palavras, que me obriguem a pensar... Caralho, detesto que me façam isso. Não façam isso! Deixa-me nervosa. Acumulo stress! Viro vulcão prestes a entrar em erupção.
Não me deixem sozinha com as vossas meias palavras. Não é seguro para ninguém!
cara-de-sonsa listens to Fiona Apple: Limp
posted by Sofia Ctx | 3:17 da manhã
domingo, dezembro 22, 2002
Não parece Natal. Não cheira a Natal. Nada me sabe a Natal.
Tenho saudades de quando a avó Custódia chegava do Alentejo carregada de pastéis de grão, que eu tanto gostava. Tenho saudades de ver a avó Ana Rosa e o avô Mário a roncar no sofá grande da sala. Tenho saudades de ter a tia Carla a chatear-me a cabeça para eu lhe contar as prendas que ela ia receber. Tenho saudades de quando eramos crianças e esperávamos ansiosos pela meia-noite. Tentavamos distrair-nos com qualquer coisa, mas não conseguiamos.
Agora estamos todos crescidos. Já não passo as tardes sentada no chão da sala a ver as luzinhas do pinheiro a piscarem, tenho sempre a cabeça cheia de merdas e esqueço-me das coisas boas desta altura. Esqueço-me de ver as luzinhas a piscarem...
cara-de-sonsa listens to Hands On Approach: Tão perto, Tão longe
posted by Sofia Ctx | 9:57 da tarde
sexta-feira, dezembro 20, 2002
Sofia Pereira.
Entre e siga até ao fundo, até à última porta e depois vire à esquerda.
Escuro, frio, mobilia escassa...
Pode entrar nessa porta e fica só com essa camisa.
Encostada aqui! Agora vire para a esquerda, braços no ar.
Fotografias do pulmão doente.
Já está! Pode sair.
Espere um bocadinho ali na sala.
Sofia Pereira, pode ir embora.
cara-de-sonsa listens to Jude: I know
posted by Sofia Ctx | 7:26 da tarde
Tinha acabado de entrar no metro na Cidade Universitária. Ía trajada e com o bombo a tiracolo, com o cabelo assim curtinho como está agora e com o ganchinho preto como eu uso sempre. Enrolada na minha capa negra e com o vento a bater na cara quando vejo uma cara que não me parecia nada estranha, mesmo nada estranha, mas tava sem barba e com óculos. Depois aquele sorriso.
Passamos lado a lado e só paramos para nos voltarmos para trás e olharmos um para o outro. Um sorriso para lá e outro para cá. Eu não esqueci a cara dele e ele não esqueceu a minha. Continuamos o caminho a sorrir, tenho a certeza disso. Mesmo virada de costas eu podia ver o sorriso dele e ele o meu.
Wasn't it like that, Fred?
Foi bom! Foi agradável. Deu para rir algumas vezes. Aliás deu para chorar a rir, mas só não percebo porque toda a gente acha que eu mordo...
cara-de-sonsa listens to Fiona Apple: Criminal
posted by Sofia Ctx | 12:00 da tarde
quinta-feira, dezembro 19, 2002
A minha saúde continua doente. De repente cheguei a um estado de podridão avançada e nem eu sei muito bem o que se passa e pior, a memória já me começa a falhar. No entanto, não consigo esquecer aquele sábado em que eu quase tenho de me atirar do carro e depois arrastar-me até casa. Toco à campainha apesar de ser madrugada. Os sapatos logo pelo caminho e a capa e o casaco e a gravata... Caminho o resto do corredor dos azulejos que me gelam ainda mais os pés e vou buscar a bomba. Desespero.Eu de joelhos no sofá e de costas viradas para eles só para eles não puderem ver a minha cara. Só para eles não puderem ver o que a minha cara não conseguia esconder. Usei aquilo 2 vezes, duas vezes é mau. Faz mal ao coração, Sofia... Soa a piada que alguém ainda possa pensar que este coração está bem. Dores nas costas, dores no peito, nas costelas... Fico com as mãos e as pernas a tremer. Está tudo bem. Não é preciso ir ao médico. Tenho medo de hospitais, tenho medo de ir ao médico.
Arrasto-me até à cama e fico logo no mesmo sítio onde deixei o meu corpo cair. No movements. Tremer, gemer, dores...
Entretanto já lá vão alguns dias e ainda não posso sair de casa sem a bomba, sem tomar os comprimidos, sem as mãos a proteger o peito...
cara-de-sonsa listens to Escaflowne: Shadow of Doubt
posted by Sofia Ctx | 11:05 da manhã
terça-feira, dezembro 17, 2002
Nem sequer me tinha passado pela cabeça algo relacionado com aquilo. Na aula Magna sim, mas neste momento era-me indiferente. Eu tava mais era a "curtir" o momento.
Mas depois elas começaram a falar na minha madrinha e a Cátia disse que achava que era a minha altura e a Isa que estava à espera de algo e a Anadim falou em praxes e a Polly disse à Anis que nós duas tínhamos uma praxe especial. Então pensei que talvez este fosse mesmo o meu momento.
Sábado. Discussão familiar à mesa redonda na tenda onde se estava a realizar o casamento. Lágrimas. Ameaças. Telefonemas. Unhas roídas. Eu a trajar-me na rua ao lado do jipe. Montemor-o-Novo. A minha mãe a acelerar o jipe na estrada de terra batida que eu ía jurar que me tinha levado até Espanha. Um grito vindo directamente do carro que vai a passar na estrada. Millénium, o meu nome de guerra. A Polly e a Pinypon na auto estrada para me virem buscar. Azaruja/Montemor-o-Novo, Montemor-o-Novo/Azaruja. Gaja semi-nua na traseira a vestir as collants. Um cigarro. Bandolins. Chegada ao destino. 30m e nem chegamos a dar 180km's. Entrada na sala do espectáculo. Grito colectivo! Millénium! E eu recebi beijos e abraços de dúzias de gajas enquanto as outras tunas observavam.
Andamos depois pelas ruas de Azaruja a fazer nem eu sei bem o quê, mas também não interessa. Fizemos o tradicional brinde com Moscatel e eu bebi de penaltie como faço sempre e fiquei com um quentinho bom na garganta. Reunimos junto à praça de touros e foram entregues os cartões brancos. Estávamos de capas traçadas e em roda. Era um momento solene. Só falou a Anadim.
A Anis ficou triste eu não, foi-me indiferente. Eu estava feliz.
Subimos a palco e correu tudo bem. Cantámos e tocámos como sabemos e nós sabemos muito bem. O frio não importou, nem os pés gelados, nem os sapatos apertados, nem as collants rotas. Cantámos bem e eu cantei de olhos fechados porque estava confiante, porque eu sei as letras todas, o ritmo saí-me da ponta dos dedos e dos pés. Eu sei fazer isto e eu sou boa a fazer isto.
Então é que as coisas mudaram. ALERTA! A minha felicidade foi interrompida por um daqueles ataques de falta de ar que eu já não tinha há muito tempo. Tive naquele dia e tive de aguentar.
Voltámos a reunir-nos cá fora e em círculo.
"Como símbolo de reconhecimento e dedicação duas caloiras vão entrar no círculo e vão receber o cartão preto. Millénium e Ana Luís cheguem ao centro do círculo..."
Endireitei-me e fui ao centro de sorriso imbecil nos lábios para buscar aquilo que eu mais queria, o meu cartão preto. A Anadim tomou o lugar da minha madrinha ausente e pôs-me ela o cartão preto na lapela do casaco.
"Eu sei que já te disse coisas que te magoaram e que tivemos alguns desentendimentos, mas isto é o meu reconhecimento e o da tuna pela tua dedicação e trabalho..."
Lembro-me depois de receber muitos beijos e abraços. De ter pedido desculpa à Isa e de ter sido cumprimentada por todas. A viagem de carro pelo nevoeiro e eu a fazer força para aguentar. A chegada a Vendas Novas e eu a correr para a bomba. As dores nas costelas, nas costas, no peito, a noite toda a tremer, eu sem conseguir falar ou mexer. Depois já não me lembro bem de nada do que se passou até ontem á tarde quando a médica dizia:
"Ela realmente tem qualquer coisa no pulmão esquerdo."
Então as minhas proprias palavras de há meses atrás assombravam-me a mente e a palavra TUMOR começava a bater-me de um lado para o outro da cabeça e a fazer um eco terrível.
Mas agora tá tudo bem. Eu estou feliz. Não vou pensar em nada disso. Não quero pensar em nada disso. Eu recebi o meu cartão preto e isso e o Miguel preenchem muito do meu tempo agora e eu estou muito FELIZ!
Não vou pensar em mais nada agora. Mais nada!
cara-de-sonsa listens to Antena3
posted by Sofia Ctx | 1:27 da tarde
sexta-feira, dezembro 13, 2002
Eu menti quando disse que ela estava morta. Foi tudo mentira. Eu não consigo. A puta não me deixa descansar. A filha da puta não me para de martelar a cabeça e eu já não sei o que fazer. Estou assustada! Estou com medo! Tenhos os pés e as mãos geladas e não consigo aquecer. Estou aqui escondida neste canto há tanto tempo que o meu corpo já começa a tomar as formas dele.
Não consigo deixar de pensar na lâmina daquela faca que eu deixei na cozinha e que deve estar agora a brilhar com o luar. Se pelo menos eu pudesse acabar com isto tudo. Se pelo menos alguém ouvisse os meus gritos mudos por ajuda...
cara-de-sonsa listens to Jeff Buckley: We all fall in love sometimes
posted by Sofia Ctx | 2:50 da manhã
quarta-feira, dezembro 11, 2002
De repente percebo que andamos a escrever só um para o outro. Tu escreves para mim e eu para ti e eu adoro ler-te! Adoro sentir as tuas palavras na língua...
Queria controlar o sorriso imbecil que tu me deixaste colado aos lábios, mas não consigo e também sabes que mais, é-me indiferente o que todos vêem quando olham para mim, quando me olham nos olhos. Tu viste o que havia para ser visto e isso chega-me.
E então lá volto eu para a cama com o meu sorriso imbecil e a suspirar por ti.
cara-de-sonsa listens to Marisa Monte: De mais ninguém
posted by Sofia Ctx | 11:27 da manhã
terça-feira, dezembro 10, 2002
Ainda não consegui digerir o último fim-de-semana. Foi tudo tão intenso. Continuo a subir pelas paredes e a agarrar-me com força aos braços dele, que tremiam tanto como os meus e a respirar o odor daquele pescoço.
Só de me lembrar volto a ficar com dores de estomâgo e o corpo a tremer. Nem sei.
Aí, Sofia, Sofia... Cresce e Aparece!
cara-de-sonsa listens to Fiona Apple: Never is a promise
posted by Sofia Ctx | 4:55 da manhã
segunda-feira, dezembro 09, 2002
De repente fiquei assim. Quase que rebento só de não te ter aqui. A tua ausência está aqui entalada num grito que conservo mudo na garganta. Agarro-me com força à mesa para não perder o controlo, mordo o lábio como faço quando não quero chorar e engulo tudo em seco, mas o pior é que não vai nada para baixo. Já sinto o queixo a tremer e as gotas de sal quentes a correrem-me pela cara.
Tenho-te aqui colado à pele e guardado nas mãos, mas preciso é de te ter aqui comigo. Assim dói tanto. Dói não te ter aqui só para mim, não poder deitar a cabeça no teu ombro, não receber o teu carinho, os teus beijos, não poder dar-te a mão, não poder subir as paredes contigo...
Estou com medo de voltar para a cama porque sei que me vai doer não te encontrar lá.
Queria que estivesses aqui agora para me lamberes as lágrimas e embalar-me nos teus braços.
Estou a tentar portar-me como uma menina crescida e corajosa e estou a fazer força para não me levantar da cadeira e correr para ti sem nem sequer olhar para trás ou pensar duas vezes. Estou a tentar respirar pousadamente que é para não sufocar. Tenho as mãos nos bolsos que é para não puxar os cabelos furiosamente. Não me quero descontrolar.
Já nem sei bem o que é que escrevo. Acho que te estou a fazer uma declaração de algo...
cara-de-sonsa listens to Pedro Abrunhosa: Beijo
posted by Sofia Ctx | 6:14 da manhã
sábado, dezembro 07, 2002
Perdi o controlo sobre o meu corpo. Fiquei sem reacção. Não conseguia falar, nem parar de tremer.
E depois?
O meu corpo ficou com electricidade e eu fiquei a dar choques.
cara-de-sonsa listens to Patti Smith: Beneath the southern cross
posted by Sofia Ctx | 8:31 da tarde
sexta-feira, dezembro 06, 2002
Quero que acabe tudo por aqui. Não quero que ninguém vá falar, repreender. Às vezes as coisas correm mal, a vida é assim.
Eu gosto da maneira como as coisas correram antes de doer. Gosto das palavras que lhe li, da pessoa que encontrei na tinta colada aos papéis... Gosto disso! Sinto carinho por isso! Gosto da pessoa com quem sonhei durante alguns dias e quero guardá-la assim, entre as pirâmides e o vento daquela tarde sem cheiro.
Que a história acabe aí. Que tenha sido tudo, mas que me fique na cabeça uma memória igual aos caramelos que eu tanto gosto e que me ficam colados aos dentes por tanto tempo...
A minha caloira metade voltou e eu nem senti nada. Foi-me indiferente. Foi outra vez a tal coisa que eu já tinha percebido à tanto tempo. Com a Sofia só resulta uma vez, a primeira vez.
E por muito que eu agora quisesse que as coisas voltassem a ser como antes não consigo. Sou assim! A minha cabeça nunca me deixa esquecer a dor daquelas feridas que a pele já aprendeu a esconder.
Na 3ª feira não se resolveu nada. Passámos 3h divididas entre as urgências e a ala de psiquiatria de Stª Maria, mas não se resolveu absolutamente nada. Continua tudo desarrumado.
cara-de-sonsa listens to Xutos & Pontapés: Manhã Submersa
"Não sabe o nome, mas conhece o cheiro..."
posted by Sofia Ctx | 10:51 da manhã
quinta-feira, dezembro 05, 2002
Eu já disse que estou bem, parem de me chatear. Não vou fazer nada! Eu estou bem!
cara-de-sonsa listens to P.O.D.: Youth of the Nation
posted by Sofia Ctx | 11:29 da manhã
quarta-feira, dezembro 04, 2002
Ando um bocadinho apática e sem apetite e com cieiro...
cara-de-sonsa listens to Astor Piazzola & Yo Yo Ma: Tango Fugata
posted by Sofia Ctx | 1:35 da manhã
segunda-feira, dezembro 02, 2002
Já tou mais calma. Depois de estar a madrugada inteira deitada de pés gelados e a ouvir o vento e com o caralho das ideias a correr de um lado para o outro já passou. No entanto ainda vou ter de explicar tudo à Vanda e ao Pedro.
Não consigo é perder esta vontade de me espancar a mim mesma por ser tão estúpida de merda. Parece que nestes momentos volto sempre a ver o David com aquele ar gozão e a dizer-me: És tão crédula! E a merda é que sou mesmo crédula, crédula como o caralho.
Quando li aquilo hoje depois de acordar ainda pensei primeiro, qual é que eu mato primeiro? O que brincou comigo ou o que não teve coragem de me mostrar toda a verdade? Mas vou deixar o J. descansar, aposto que ficou com muita merda entalada naquela cabeça e que o mais provável é ele adoptar-me como sua protegida nos próximos tempos.
Apeteceu-me pegar no telemóvel e telefonar ao Pedro, para depois o ouvir de voz ensonada do outro lado enquanto eu lhe dizia: Afinal tinhas razão! Estavámos a jogar outra vez ao vamos foder o juízo da Sofia mais um bocadinho. Então depois desligava e voltava a uma sessão de apatia crónica em que a Sofia olha para a parede e sonha com os pulsos cortados a encherem a banheira e depois ri como uma tresloucada.
Mas já me deixei dessas merdas. Passou! Também resolve-se tudo amanhã quando eu entrar no consultório. Parece que ela adivinhou. Deve ter pensado: Terça parece-me bem. Aposto que quando chegarmos lá a puta da miúda já anda com aquele juízo todo fodido outra vez. É quase o pão nosso de cada dia.
Depois tive vontade de falar com o Frederico para lhe dizer: Então faz lá o que queres. Fode lá aí o meu corpo também é só já o que falta. O resto já tá tudo.
Será que eu devia gostar destas brincadeiras? Já me devia ter habituado a isto? É em momentos como este que me pergunto por que raios é que têm toda a gente de brincar com os meus sentimentos e eu nem percebo porquê. Tenho a certeza que não fiz nada de errado. E não me quero sentir culpada só porque sou assim. Porque sou a puta da Sofia!
Que se fodam todos, mas parem com as brincadeirinhas!
Estou tão cansada de merdas como esta...
Por momentos pensei, eu percebo, eu sei como é enganarmo-nos a nós mesmos só porque queremos muito uma coisa. Eu também já fiz o mesmo, mas não suporto que me façam isso constantemente. Pensei também que nada disto interessava porque se trata de alguém de quem eu gosto nas palavras e do que leio nas palavras e que queria conservar esse alguém perto. Queria poder obrigá-lo a ter de conviver comigo para que percebesse que não sou um monte de frases mal escritas e cheias de asneiras. Que sou eu, só eu. Não posso ser comparada como ninguém, nem substituir ninguém.
Queria poder dizer muita merda agora, mas para quê? Eu já vi como as coisas funcionam e sei que tudo o que eu possa dizer nunca vai mudar nada.
Merda para mim e desta água não beberão!
cara-de-sonsa listens to Kane: Let it be
"I will go on..."
posted by Sofia Ctx | 2:45 da tarde
Já tou mais calma. Depois de estar a madrugada inteira deitada de pés gelados e a ouvir o vento e com o caralho das ideias a correr de um lado para o outro já passou. No entanto ainda vou ter de explicar tudo à Vanda e ao Pedro.
Não consigo é perder esta vontade de me espancar a mim mesma por ser tão estúpida de merda. Parece que nestes momentos volto sempre a ver o David com aquele ar gozão e a dizer-me: És tão crédula! E a merda e que sou mesmo crédula, crédula como o caralho.
Quando li aquilo hoje depois de acordar ainda pensei primeiro, qual é que eu mato primeiro? O que brincou comigo ou o que não teve coragem de me mostrar toda a verdade? Mas vou deixar o J. descansar, aposto que ficou com muita merda entalada naquela cabeça e que o mais provável é ele adoptar-me como sua protegida nos próximos tempos.
Apeteceu-me pegar no telemóvel e telefonar ao Pedro, para depois o ouvir de voz ensonada do outro lado enquanto eu lhe dizia: Afinal tinhas razão! Estavámos a jogar outra vez ao vamos foder o juízo da Sofia mais um bocadinho. Então depois desligava e voltava a uma sessão de apatia crónica em que a Sofia olha para a parede e sonha com os pulsos cortados a encherem a banheira e depois ri como uma tresloucada.
Mas já me deixei dessas merdas. Passou! Também resolvesse tudo amanhã quando eu entrar no consultório. Parece que ela adivinhou. Deve ter pensado: Terça parece-me bem. Aposto que quando chegarmos lá a puta da miúda já anda com aquele juízo todo fodido outra vez. É quase o pão nosso de cada dia.
Depois tive vontade de falar com o Frederico para lhe dizer: Então faz lá o que queres. Fode lá aí o meu corpo também é só já o que falta. O resto já tá tudo.
Será que eu devia gostar destas brincadeiras? Devia já me ter habituado a isto? É em momentos como este que me pergunto por que raios é que têm toda a gente de brincar com os meus sentimentos e eu nem percebo porquê. Tenho a certeza que não fiz nada de errado. E não me quero sentir culpada só porque sou assim. Porque sou a puta da Sofia! Que se fodam todos, mas parem com as brincadeirinhas!
Estou tão cansada de merdas como esta...
Por momentos pensei, eu percebo, eu sei como é enganarmo-nos a nós mesmos só porque queremos muito uma coisa. Eu também já fiz o mesmo, mas não suporto que me façam isso constantemente. Pensei também que nada disto interessava porque se trata de alguém de quem eu gosto nas palavras e do que leio nas palavras e que queria conservar esse alguém perto. Queria poder obrigá-lo a ter de conviver comigo para que percebesse que não sou um monte de frases mal escritas e cheias de asneiras. Que sou eu, só eu. Não posso ser comparada como ninguém, nem substituir ninguém.
Queria poder dizer muita merda agora, mas para quê? Eu já vi como as coisas funcionam e sei que tudo o que eu possa dizer nunca vai mudar nada.
Merda para mim e desta água não beberão!
cara-de-sonsa listens to Kane: Let it be
"I will go on..."
posted by Sofia Ctx | 9:55 da manhã
domingo, dezembro 01, 2002
Acordei sobressaltada com o telemóvel a vibrar. Atendi o telemóvel e lá estava ele, a falar baixinho para ficar com a voz rouca como eu gosto.
O Frederico acordou-me hoje às 6h da manhã. Queria que eu fosse ter com ele a Lisboa para o acordar e para podermos almoçar juntos. Acho que ele está convencido que vai conseguir alguma coisa só porque descobriu que eu tenho carências afectivas. Mas o Frederico que se foda porque quando eu digo não, É NÃO!
Fui dormir já eram 5h da manhã. Tive uma noite de merda. Melhor, um dia de merda. Acordei de madrugada com alguém na cabeça e continuei assim o dia inteiro. Chorei no ombro da Sofia, dos Pedros, do Louro... Eles lá me fizeram as festas do costume na cabeça, mas não mudou nada. Não deixei de estar assustada!
Então naquele Verão gelado dos meus 20 anos ele virava-se para mim e dizia-me:
-Não gosto de ti com os olhos!
E a partir daí eu morria todos os dias com nojo de mim, muito nojo mesmo...
"Did I disapponit you or leave a bad taste in your mouth?"
"Amo o teu túmido candor de astro
a tua pura integridade delicada
a tua permanente adolescência de segredo
a tua fragilidade acesa sempre altiva
Por ti eu sou a leve segurança de um peito
que pulsa e canta a sua chama
que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro
ou à chuva das tuas pétalas de prata
Se guardo algum tesouro não o prendo
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar
Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias
porque é por ti que vivo é por ti que nasço
porque amo o ouro vivo do teu rosto "
António Ramos Rosa
cara-de-sonsa listens to Jeff Buckley: We all fall in love sometimes
posted by Sofia Ctx | 2:47 da tarde
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