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"You can use my skin to bury secrets in..."
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terça-feira, dezembro 17, 2002

Nem sequer me tinha passado pela cabeça algo relacionado com aquilo. Na aula Magna sim, mas neste momento era-me indiferente. Eu tava mais era a "curtir" o momento.
Mas depois elas começaram a falar na minha madrinha e a Cátia disse que achava que era a minha altura e a Isa que estava à espera de algo e a Anadim falou em praxes e a Polly disse à Anis que nós duas tínhamos uma praxe especial. Então pensei que talvez este fosse mesmo o meu momento.
Sábado. Discussão familiar à mesa redonda na tenda onde se estava a realizar o casamento. Lágrimas. Ameaças. Telefonemas. Unhas roídas. Eu a trajar-me na rua ao lado do jipe. Montemor-o-Novo. A minha mãe a acelerar o jipe na estrada de terra batida que eu ía jurar que me tinha levado até Espanha. Um grito vindo directamente do carro que vai a passar na estrada. Millénium, o meu nome de guerra. A Polly e a Pinypon na auto estrada para me virem buscar. Azaruja/Montemor-o-Novo, Montemor-o-Novo/Azaruja. Gaja semi-nua na traseira a vestir as collants. Um cigarro. Bandolins. Chegada ao destino. 30m e nem chegamos a dar 180km's. Entrada na sala do espectáculo. Grito colectivo! Millénium! E eu recebi beijos e abraços de dúzias de gajas enquanto as outras tunas observavam.
Andamos depois pelas ruas de Azaruja a fazer nem eu sei bem o quê, mas também não interessa. Fizemos o tradicional brinde com Moscatel e eu bebi de penaltie como faço sempre e fiquei com um quentinho bom na garganta. Reunimos junto à praça de touros e foram entregues os cartões brancos. Estávamos de capas traçadas e em roda. Era um momento solene. Só falou a Anadim.
A Anis ficou triste eu não, foi-me indiferente. Eu estava feliz.
Subimos a palco e correu tudo bem. Cantámos e tocámos como sabemos e nós sabemos muito bem. O frio não importou, nem os pés gelados, nem os sapatos apertados, nem as collants rotas. Cantámos bem e eu cantei de olhos fechados porque estava confiante, porque eu sei as letras todas, o ritmo saí-me da ponta dos dedos e dos pés. Eu sei fazer isto e eu sou boa a fazer isto.
Então é que as coisas mudaram. ALERTA! A minha felicidade foi interrompida por um daqueles ataques de falta de ar que eu já não tinha há muito tempo. Tive naquele dia e tive de aguentar.
Voltámos a reunir-nos cá fora e em círculo.
"Como símbolo de reconhecimento e dedicação duas caloiras vão entrar no círculo e vão receber o cartão preto. Millénium e Ana Luís cheguem ao centro do círculo..."
Endireitei-me e fui ao centro de sorriso imbecil nos lábios para buscar aquilo que eu mais queria, o meu cartão preto. A Anadim tomou o lugar da minha madrinha ausente e pôs-me ela o cartão preto na lapela do casaco.
"Eu sei que já te disse coisas que te magoaram e que tivemos alguns desentendimentos, mas isto é o meu reconhecimento e o da tuna pela tua dedicação e trabalho..."
Lembro-me depois de receber muitos beijos e abraços. De ter pedido desculpa à Isa e de ter sido cumprimentada por todas. A viagem de carro pelo nevoeiro e eu a fazer força para aguentar. A chegada a Vendas Novas e eu a correr para a bomba. As dores nas costelas, nas costas, no peito, a noite toda a tremer, eu sem conseguir falar ou mexer. Depois já não me lembro bem de nada do que se passou até ontem á tarde quando a médica dizia:
"Ela realmente tem qualquer coisa no pulmão esquerdo."
Então as minhas proprias palavras de há meses atrás assombravam-me a mente e a palavra TUMOR começava a bater-me de um lado para o outro da cabeça e a fazer um eco terrível.
Mas agora tá tudo bem. Eu estou feliz. Não vou pensar em nada disso. Não quero pensar em nada disso. Eu recebi o meu cartão preto e isso e o Miguel preenchem muito do meu tempo agora e eu estou muito FELIZ!
Não vou pensar em mais nada agora. Mais nada!




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posted by Sofia Ctx | 1:27 da tarde

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