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"You can use my skin to bury secrets in..."
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domingo, junho 01, 2003

1 de Junho de 2003



Miguel,
sempre pensei que não te voltaria a escrever ou sequer a falar contigo. Pensei isso desde aquele momento em Janeiro, logo depois da minha ida ao Porto para te visitar, em que tu ao fim da tarde me davas forte e feio com os pés. Foi num domingo e tu despediste-te da Miriam e a Miriam que só existia para ti morreu. Resolveste tudo em duas frases e eu fugi para o quarto para não deixar que alguém me chegasse a ver chorar. Nunca pensei que pudesse doer tanto e doeu tanto... Peguei desesperada no telemóvel e telefonei para o Pedro. Ele falou até de manhã, até eu adormecer e as lágrimas secarem na almofada. Na manhã seguinte acordei desesperada com a tua ausência e disse à minha mãe que precisava de algo, algo que me pudesse tirar de dentro de mim. Achei os Xanax’s. Ainda estão ali guardados porque nunca os cheguei a tomar. Sempre preferi esperar que as cicatrizes secassem ao natural e sem ajuda de analgésicos.
Lembro-me perfeitamente de estar sentada na cama às escuras e com as mãos a tremerem e a chorar compulsivamente enquanto te tentava telefonar, mas tu nunca foste capaz de me atender o telefone. Não era importante nessa altura que eu recebesse qualquer tipo de explicação da tua parte. Foste bastante explicito e eu fui bastante estúpida. Persisti na busca desesperada pela resposta do que havia sucedido ao “NÓS”. Durante algum tempo culpei-me a mim por tudo, mas a verdade é que em algo feito a dois nunca poderia ser eu a única e exclusiva culpada. Tínhamos estado os dois juntos e errámos os dois juntos. Eu errei e tu erraste também.
Ao principio foi tão difícil habituar-me a ideia de ter de estar sem ti e de não poder ouvir a tua voz todos os dias e de não voltar a caminhar lado a lado contigo, de mão dada. Chorei muitas vezes e pensei em ti todos os dias e voltei a procurar-te tanta vez. Adormeci tanta vez a pensar em ti. Mais que uma vez tentei convencer a Sofia que era de mim que tu gostavas verdadeiramente, mas era sempre a mim que eu me tentava convencer. Tanta vez tentei convencer-me a mim mesma de que tinha sido tudo real e que por momentos tu tinhas mesmo gostado de mim e tínhamos sido felizes.
Ainda penso em ti e nunca vou poder deixar de pensar em ti, mas a verdade é que só agora percebo que quem gosta, gosta com os defeitos e as falhas e não tenta mudar porque gosta. Talvez nunca tenhamos sabido gostar um do outro. Talvez eu tenha sido desde o inicio a tua pior escolha para sarar as feridas antigas. Talvez tanta coisa...
És tu e serás sempre tu o meu inicio e vou guardar-te sempre comigo porque te trago colado à pele. Mas aprendi agora que não posso continuar a rastejar aos teus pés. Eu mereço mais que isso e tu não mereces isso. Lembro-me perfeitamente de cada momento que partilhei contigo e vou continuar a lembrar-me até porque não quero esquecer, mas estou a tomar uma decisão muito importante neste momento. Estou a tomar a decisão de não continuar aqui sentada à espera que um dia te lembres de mim e voltes. Eu não quero que tu te lembres de mim. Eu queria era que tu nunca me tivesses esquecido. Tu seguiste a tua vida e nesse momento decidiste que não era comigo a teu lado que a querias seguir e eu estou a aceitar isso agora.
Decidi que é altura de colocar pensos rápidos nas feridas em vez de continuar a sangrar.
Acho que queria dizer tanta coisa que nem sei dizer por palavras, mas provavelmente tu também não irias querer saber todas essas coisas. Vou seguir o meu caminho e prometo que vou levar comigo tudo aquilo que tu quiseste que ficasse comigo.

Bjos e Até sempre, Miguel,
Da Miriam que tu um dia tiveste como a tua Miriam!


P.S. Tudo aquilo que eu nunca soube expressar por palavras esteve sempre presente naqueles meus gestos do tamanho de passos gigantes, mas que infelizmente para ti nunca foram gestos grandes o suficiente.
P.S.1 Espero que um dia leias estas palavras.



Miriam listens to Fiona Apple: The way things are


posted by Sofia Ctx | 3:27 da manhã

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