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sexta-feira, novembro 08, 2002
E então hoje voltei a sentar-me aqui nesta cadeira e a deixar que a vida me corresse pelos dedos. Aqui vivo através deles.
Apaguei as luzes, acendi um cigarro que fumei lentamente acompanhado de uma qualquer bebida que me queimasse a garganta. A música já não a escolho, deixo que seja ela a escolher-me.
Tentei não pensar em ti ou melhor finjo que não penso em ti, coisa que eu tenho vindo a fazer já há algum tempo. Tentei também esquecer as dores que sinto hoje nas pernas, dores dos golpes que eu abri em mim mesma. Os tais pequenos cortes que por momentos me deixaram ver a vida a sair por eles. As marcas ainda devem estar lá na banheira, mas agora com outra cor porque já secaram.
A minha vida está lá, colada nas paredes da banheira. É aí que vivo agora porque este corpo que está aqui está já sem vida. Sou agora uma carcaça ambulante, só isso. A vida perdi-a no caminho quando te perdi a ti e quando hoje a deixei colada nas paredes da banheira.
Estas mãos por onde a vida saía antes estão agora aqui geladas para todo o sempre e com elas está também a gelar lentamente este pobre corpo.
E agora que os dedos morrem também a vida morre com eles, porque era através dos dedos que a vida corria...
cara-de-sonsa listens to Sheryl Crow: Over you
posted by Sofia Ctx | 3:37 da manhã
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