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"You can use my skin to bury secrets in..."
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segunda-feira, agosto 12, 2002


Sinto um vazio outra vez. Não é um vazio completo, mas parcial. Um vazio daqueles que eu gosto. Um vazio no sítio que gosto.
Habitualmente o vazio assusta-me. Tenho medo de quando não há nada, quando acaba tudo. Tenho medo do vazio, mas este vazio é o vazio que eu gosto. É o vazio bom... É o vazio que a ausência deixa, é o vazio do que ficou atrás no seu tempo, é o vazio do que agora vive aqui só como memória. É o vazio do fim.

“You can use my skin to bury secrets in.”

Já não estou cansada. É tudo uma questão de hábito e de ganhar ritmo. Já o tenho. Depois da primeira semana aguenta-se tudo, mesmo quando o corpo ameaça ceder a qualquer momento. É só a cabeça fingir que está ocupada e que não está a apanhar os sinais. Distrair a mente para enganar o corpo. É estranho, mas funciona.

Ontem ganhei uma bolha na sola do pé, na sola do pé. Como é que se pode ter uma bolha na sola do pé? Será possível? Isto não é normal, mas vai daí eu também não sou normal, sou só “quase” normal. Falta o quase.

Foi um domingo calmo. Voltei a andar de comboio estava com saudades, confesso. Fui ver as vistas. Gosto de ficar parada a ver as “vistas” quando alguém fala. Eu vejo e alguém trata de dar legendas as imagens e mesmo que as legendas não correspondam ás imagens, não faz mal. Podemos marcar estas imagens com essas legendas.
Assim essas palavras serão a chave que vai abrir o meu álbum fotográfico mental. Eu vejo e tu falas.
Foi um domingo calmo...

“I cry tears of joy, tears of pain. I cry and I cry tears of love again and again.”

Já fiz planos para o meu fim de Setembro. Trabalho até dia 20 e depois vou levar o André ao oceanário, quero ir á praia, ir até Vendas Novas e depois vem Outubro.
Assim que começar Outubro “mudo-me” para Lisboa. Preciso disso. Estou a morrer de saudades. Depois faço questão de lá estar sempre, todos os dias. Passar todo o meu tempo lá. Talvez ir finalmente aprender a tocar tudo no bombo, sentar-me nas escadas de entrada da Faculdade a ver o pôr-do-sol, arranjar livros para ler no comboio, ir gozar
da esplanada do VG, matar saudades das memórias Orientais, perder-me entre as pessoas. Acho que me vou dar ao luxo de me voltar a perder, esquecer-me de mim, não ver nem ser vista, ser só uma cidadã anónima entre tantos outros.

- Sim?
- É você a dona de um Fiat avariado?
- Não.
- Então desculpe, é engano.

“In your presence I’m lost for words.”

As minhas lembranças vêm todas acompanhadas de uma imagem e uma música. Para casa acontecimento uma imagem e uma música. São momentos que ficaram e que com a chave certa desencadeiam lembranças cá dentro.
Cada pessoa vêm com uma música e uma imagem. É tão estranho, mas tão simples. Não fui eu que escolhi ou decidi guardar as memórias juntamente com as músicas e as imagens que me marcaram, mas as imagens e as músicas é que fazem parte das memórias. Completam-se.
- Tu ficas com esta esplanada e esta música que partilhámos e assim este espaço será sempre o teu espaço comigo, o nosso espaço. Assim como aquele sofá e o banco do outro lado. Assim como aquela quinta-feira de Inverno em que esperaste por mim no sítio mais frio e eu te fui buscar com um sorriso nos lábios porque tu estavas ao telemóvel a tentar explicar-me onde era que estavas perdido. Vamos guardar também a mesa grande onde ralhaste comigo por causa da minha gula e onde fumaste timidamente o teu cigarro porque tinhas medo que eu te repreendesse. O canto daquela loja onde me obrigaste a controlar o meu lado consumista com a tua persistência. A minha cama ao nascer do dia. O sofá na noite de Natal. A estação de metro naquela segunda-feira. Talvez seja melhor ficarmos por aqui. Vamos guardar-te junto com todas aquelas músicas que me fazem lembrar de ti. Vamos pôr tudo numa caixinha, uma caixinha que guardo só para ti, a tua caixinha.

“Tenho uma tristeza que ainda não conheço bem.”

No Sábado choveu. Foi um dia de Verão com chuva como eu tanto gosto. Um daqueles dias em que apetece sair á rua só para poder sentir a chuva a cair sobre mim, ver como as coisas se modificam, sentir os cheiros, olhar para o céu de olhos abertos, lamber as gostas de chuva que escorregam pelo rosto.
Saí no Sábado. Sentei-me na erva seca acastanhada com os pingos de chuva a caírem e com três cachorrinhos a dormirem ao meu colo. Foi um Sábado quase perfeito. Um Sábado com paz como eu gosto e com as imagens, sons e cheiros que me reconfortam a alma. Um cachorrinho branco, um preto e um castanho com as patas brancas. Lindos!
Agora para me reconfortar fecho os olhos e fico lá. Deixa-me um gostinho doce na boca.
Para ser perfeito só me faltou mesmo ter alguém com quem partilhar o silêncio da minha visão deste dia de chuva de Verão. A perfeição vai estar sempre onde e com quem eu conseguir partilhar o silêncio.

A vulnerabilidade exala algum odor?
Eu acho que sim e um bem forte. As pessoas sentem quando estamos vulneráveis e aproveitam-se disso. São como os cães que nos farejam em reconhecimento e que agem segundo aquilo que acabam de perceber através do odor que o nosso corpo exala. Somos usados e abusados ou porque somos demasiado honestos para esconder ou porque somos ambiciosos para perdermos a oportunidade de olhar pela nossa pele. Somos a pior raça.

Egoísta, adj. E s. 2 gén. (do Grego égo). Que, ou a pessoa que só se preocupa com os seus próprios interesses.

O que eu me pergunto é, onde está o erro em nos preocuparmos com a nossa pele e em gozar a única vida que temos? Será que é assim tão mau ser egoísta? Será que existe algum erro em nos preocuparmos com os nossos interesses? Não será que o erro está naqueles que não são egoístas e logo talvez não passem de estúpidos?


Perdi a paciência com a Rita. Sim, aquela mesma Rita que faz parta da minha infância e do meu crescimento e que voltou agora a estar ligada a minha idade supostamente adulta. Não quero ouvir mais histórias de engates, nem de como a mãe lhe arranjou mais uma cunha, de como ela alucina os homens, de como ela está apaixonada pela milésima vez este ano, de como ela é uma pessoa sensível, de como ela está cansada de apalpar tomates, bla, bla, bla... Estou farta de ouvir as queixas de alguém que não sabe ouvir. Estou sem paciência para a menina mimada que é virgem, mas só de signo. Cansei!

Não quero alguém que me diga que é sensível, mas que me prove que o é. Não quero alguém que me diga que é meu amigo, mas que o demonstre. Não quero alguém que me diga que gosta de mim, mas que mostre que isso é verdade.
Estou farta de tantas palavras e tão poucos gestos. A partir de agora as palavras terão de vir acompanhadas de gestos, acções que me sirvam como provas daquilo em que eu devo acreditar.
A partir de hoje e até prova em contrário todos serão culpados para mim. Cansei-me de dar o benefício da dúvida. Quem não quiser cumprir pena porque é inocente que prove o mesmo em tribunal e que deixe que o júri decida se eu posso ou não acreditar.
Já vai sendo altura de eu tentar controlar a minha inocência e credulidade ou sei lá o que é isto que eu sou e que eles gostam de se aproveitar. Vamos parar de jogar com a Sofia. É melhor sem joguinhos.

Vou tomar banho. Ficar de molho. Ensaboar-me e lavar o cabelo. Livrar-me deste cheiro a trabalhadora do campo que ainda não descobriu o desodorizante. Vou tratar da alma tratando deste, não velho mas a envelhecer, corpo cansado. Vou fazer-me á vida ou melhor vou desfazer a vida que fiz hoje. Só por um bocadinho.

“Escrever só serve para perder os sentidos quando são os outros a escrever.”


Cara-de-sonsa listens to Jeff Buckley: Lilac Wine(live)
“I think more than I want to think. Two things I never should do. I drink much more than I ought to drink ‘cause it brings me back you...”








posted by Sofia Ctx | 10:02 da tarde

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