cara-de-sonsa
"You can use my skin to bury secrets in..."
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quarta-feira, agosto 07, 2002


5/08/2002

Detesto este sentimento de impotência. Este sentir que as coisas estão erradas e não as poder mudar. Gostava de poder voltar atrás no tempo só para poder mudar algumas coisas ou poder pegar numa borracha e apagar a tinta que não devia ter corrido.
Queria hoje não ser eu. Acordar e não ser eu. Não ter de pensar nas coisas erradas, não ter a consciência pesada, não ter de lidar com os erros.
Estou cansada. Cansei-me!
Sinto o tempo a passar. O meu tempo está a passar e as coisas não acontecem e eu sem pensar salto e tento fazer com que aconteçam, mas as coisas acabam por piorar e eventualmente morrer.
Já não sei se quero continuar. Não consigo deixar o passado para trás. Não consigo esquecer as memórias. Não quero o que há-de vir, mas remediar o que passou. Não quero lembrar mais deste cheiro que me ficou nas mãos ou das palavras ditas por uma voz rouca, os sorrisos, o sal das músicas...
Queria tanto esquecer as pessoas que decidiram partir, a chuva a bater na janela, as luzes da ponte reflectidas no Tejo quando já de noite regresso a casa no comboio, as papoilas vermelhas ao lado da linha, o nascer do sol naquela manhã de Sábado em que as gaivotas sobrevoaram o Oriente.
Queria agora poder morrer contigo e com todos aqueles que não passam de lembranças que deixaram marcas e depois poder renascer. Não como a fénix que renasce das cinzas, mas como eu que sobrevivi ao sal.
Sinto-me gasta pelo sal. Estou a ficar corroída. Eventualmente isto que ainda aqui está vai mesmo deixar de existir.
Os novos acontecimentos reabriram as feridas, aquelas que nunca chegaram a cicatrizar.
Se pelo menos tu pudesses deixar de ser este sabor doce na minha boca. Este sabor que já começa a enjoar e que chega mesmo a causar-me náuseas. O meu estômago não aguenta muito mais. A qualquer momento acabo por vomitar tudo e o pior é que sem forças como eu estou agora o mais provável é que eu me deixe ir com o meu vomitado.
Já me estou a imaginar. Um edifício grande e branco, um jardim, pessoas vazias... Já me estou a ver passar os dias sentada naquele banco de jardim a olhar as paredes e a chorar os dias, demasiado sedada para sequer me lembrar porque ainda choro. A chorar por hábito.
Um dia ainda me hei-de tentar recuperar, mas já será tarde demais. Um dia deixa de sobrar o que quer que seja de mim. Um dia perco-me nas memórias, no sal e sufoco no vomitado. Um dia deixo de me conseguir lembrar do meu nome.
Estou com medo.
Preciso de me recuperar. Preciso de me encontrar. Preciso de matar aquilo que sou hoje. Preciso de trocar este cansaço mental por exaustão física. Preciso deixar que os dias passem na cama.
Deixa-me fazer o caminho sozinha, mas promete-me que se eu cair tu vais estar aí e vais ajudar-me a levantar.
Por favor procura-me e traz-me de volta para mim.



“Os anos passaram. Mas levavam-me com eles.”



Listening to Dead Can Dance: Persian Love Song


posted by Sofia Ctx | 12:39 da manhã

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